30.9.03

Dia de Gibi Novo: A Small Killing

A Small Killing é daqueles quadrinhos que vergonhosamente não foram publicados no Brail. Assim como Signal to Noise e Violent Cases (Gaiman e McKean), Face (Milligan e Fegredo), a graphic novel de Alan Moore e Oscar Zarate teria público garantido por aqui. Além disso - como a maior parte do trabalho do Homem do Saco - A Small Killing é excelente.

Eu considero tremendamente injusto que Moore seja reconhecido prioritariamente por Watchmen e A Piada Mortal - histórias de super-heróis muito superiores à média e que trazem algumas das características mais marcantes do autor, mas que ficam muito a dever aos seus trabalhos independentes.

Eu havia lido A Small Killing há alguns anos e me lembrava de umas duas imagens - uma marcante e outra bem banal - e da história: um publicitário inglês é enviado por uma agência americana à URSS para comandar a campanha de um refrigerante, resolvendo passar alguns dias na Inglaterra. Por toda a viagem, ele é perseguido por uma criança, que parece decidida a atrapalhar ao mãximo sua vida.

A Small Killing impressiona por sua estrutura e a harmonia entre roteiro e arte. Conforme a história vai progredindo em direção ao passado do protagonista, as cores vão mudando de formas inesperadas para acompanhar as memórias e revelações do passado. Cada capítulo começa e termina com um veículo, cuja progressão serve de símbolo para o regresso ao passado. Tudo bem amarrado e sutil, mas que fica claro na página final.

Tanto na temática e personagens, quanto na estrutura, A Small Killing é o ponto de virada do Alan Moore pulp do início de carreira para o escritor que ele se tornaria em Do Inferno.